Posts Marcados Poesia

Nirvana


As coisas simplíssimas.

Um copo de água fresca.  Acordar e dormir mais um pouco.

Cheiro de filho.  O tato dos pés na terra.

Risada de criança.  A paz de poucos ruídos.

Lençol estendido na pele.  Abraço demorado, sem palavras.

Três notas e um acorde.

Um só espirro.  Som de chuva.

Livro novo.  Café.

Insisto.  As coisas simplíssimas.

Timilique

 

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de Drummond para vocês


ponha a saia mais leve, aquela de chita e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela’

Fonte: Caixa mágica

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Invictus


Aimee Mullins, atleta, atriz e modelo
Invictus –   1875 –  William E.  Henley
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Out of the night that covers me,
Black as the Pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.
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In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.
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Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds, and shall find, me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate;
I am the captain of my soul.

Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu – eterno e espesso,
A qualquer deus – se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei – e ainda trago
Minha cabeça – embora em sangue – ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda – eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.

Tradução – André C S Masini

Timilique

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A vida é tão rara …


‘Eu nunca vou me cansar de água de coco, nascer do sol, pôr do sol, canto de passarinho, cheiro de mato molhado de chuva em dia quente, café recém coado, banana com queijo, água de moringa, dar risada, cachoeira, ler, ler, ler, ler, escrever, ler, ouvir Mozart, ouvir Bach, ouvir Chopin, correr com tênis macio, espirrar de manhã. Nunca vou me cansar de falar do meu pai, do meu avô, da minha professora predileta, da máquina de escrever dourada do meu antigo pediatra, dos amigos que amo, dos meus filhos.Nunca vou me cansar de fazer cafuné. Nunca vou me cansar de receber cafuné, de massagem no pé, de ouvir histórias à luz do abajur de noite até dormir. Não vou me cansar de ver desenho animado bonitinho, de ir a museu, do cheiro de pãozinho assado, de guaraná, de biscoito maizena.Nunca vou me cansar do cheiro de sabonete  que fica depois do banho, do barulho da chuva e do trovão, do choro meio miado de um bebê recém nascido. Eu nunca vou me cansar de Deus, porque Ele nunca se cansa de mim.Eu nunca vou me cansar da vida, e só irei embora quando Deus estiver com uma saudade louca e sentir ciúmes de mim. Aí eu nunca mais vou sair dos braços d’Ele.’

(Helena Beatriz Pacitti)

Fonte: timilique


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Drumond – Até Tu?


Num momento de descontração, o grande poeta Carlos Drumond de Andrade escreveu:

“Satânico é meu pensamento a teu respeito e ardente é o meu desejo de apertar-te em minhas mãos,numa sede de vingança incontestável pelo que me fizeste ontem.

A noite era quente e calma e eu estava em minha cama,quando, sorrateiramente, te aproximaste.

Encostaste o teu corpo sem roupa no meu corpo nu,sem o mínimo pudor!

Percebendo minha aparente indiferença, aconchegaste-te a mim e mordeste-me sem escrúpulos.

Até nos mais íntimos lugares.

Eu adormeci.

Hoje quando acordei, procurei-te numa ânsia ardente, mas  em vão.

Deixaste em meu corpo e no lençol provas irrefutáveis do que entre nós ocorreu durante a noite.

Esta noite recolho-me mais cedo, para na mesma cama te  esperar….

Quando chegares, quero te agarrar com avidez e força.

Quero te apertar com todas as forças de minhas mãos.

Só descansarei quando vir sair o sangue quente do seu  corpo..

Só assim, livrar-me-ei de ti……   pernilongo

Filho da Puta…

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